Vamos falar sobre gênero? Será que o brinquedo tem sexo?
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É sempre necessário principalmente para nós, educadores, reforçarmos a importância do brinquedo e da ludicidade para o desenvolvimento infantil. Segundo Vygotsky (1930- 1934):
"É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de numa esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não dos incentivos fornecidos pelos objetos externos. Um estudo de Lewin sobre a natureza motivadora dos objetos para uma criança muito pequena conclui que os objetos ditam à criança o que ela tem que fazer: uma porta solicita que a abram e fechem(...)”
Este trecho nos mostra que o brinquedo é uma forma de atividade que nasce a partir da maturação das necessidades das crianças. No brinquedo a criança cria uma situação imaginária para satisfazer os seus desejos irrealizáveis num dado momento real. A ação que a criança exerce sobre o brinquedo está ligada a motivações, tendências e incentivos. O brinquedo constituiu função emocional porque nele é expressado o significado que os objetos têm para a criança, portanto a forma como uma criança se comporta em uma determinada brincadeira, revela aquilo que ela considera ser adequado socialmente. Por exemplo, quando uma criança, com sua boneca no colo, assume o papel de mãe, ela imita o comportamento maternal da maneira como entende que uma mãe deve agir com sua filha. Sendo assim, o brinquedo contribui para o desenvolvimento infantil porque desperta a noção de regras comportamentais aceitas socialmente e fortalece o lado emocional e o autocontrole.
Como em um exemplo citado no livro de Vygostky, “A Formação Social da Mente”, é muito comum que duas irmãs brinquem de ser irmãs porque o que passa despercebido na vida real, torna-se uma regra de comportamento no brinquedo. Portanto, ao brincarem de ser irmãs, as duas irmãs exibem o seu comportamento a partir do que consideram certo que duas irmãs façam na vida real, desse modo, são criadas regras de comportamento para a brincadeira, tornando aceitáveis apenas ações que dialogam com essas regras (Modo de falar, modo de andar, modo de se vestir, etc.) Portanto, ditar às crianças quais brinquedos elas devem escolher é prejudicial tanto para a construção da autonomia, quanto para a percepção das regras sociais construídas historicamente e para a construção de novos modos de percepção de mundo. A nossa função é deixá-las livres para escolherem os brinquedos mais divertidos e mais construtivos do ponto de vista delas (não do adulto). Não devemos categorizar os brinquedos em masculinos e femininos porque todos eles representam "coisas" que constituem a realidade da criança e do seu cotidiano. Da mesma forma que as meninas podem segurar uma boneca no colo, imitando o comportamento materno, os meninos podem fazer o mesmo, imitando o comportamento paterno, aprendendo a cuidar. Da mesma maneira, é possível que meninas brinquem de carro e entendam melhor sobre a mecânica de um veículo.
Atenção: Isso não significa que as meninas não possam mais brincar de cozinhar e os meninos não possam mais brincar de carrinho. Não sejam radicais e lembrem-se: é a criança quem escolhe, não interfiram de maneira preconceituosa nessas escolhas, apenas certifiquem-se de que elas estão seguras enquanto brincam. Deixem que a criança explore o mundo que a cerca, uma das melhores formas de aprender é explorando!
Quais outros exemplos de brinquedos e brincadeiras podemos citar?
Até a próxima!
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